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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Sejamos Todos Feministas


Minha leitura dessa semana (não tem sido nada fácil ler, mas vai melhorar) foi Sejamos Todos Feministas (Companhia das Letras) e tenho tantas coisas para falar sobre ele que mal consigo controlar meus dedos no teclado devido a tanta ansiedade.

Não é literatura. Trata-se de uma palestra da escritora nigeriana Chimamanda Adichie (nome legal!) sobre um assunto que parece batido, mas que, na verdade, infelizmente, não é nada óbvio ainda: feminismo.

Essa palestra esta aí para vocês na íntegra. Fez parte do TEDx que, por sinal, é uma iniciativa muito boa. o TEDx traz palestras sobre vários assuntos, ideias que merecem ser compartilhadas. São maravilhosas. Pode ver no youtube, você não vai se arrepender. Caso queira saber mais sobre o TED, clique aqui. E eu te direciono ara uma matéria da Superinteressante.

Sobre Chimamanda Adichie, o que posso dizer? Assim como muitos de vocês, eu não a conhecia. Ela é nigeriana. Simpática. Divertida. Professora universitária. E escritora. Seus livros tratam sobre temas entre África e América. E eu estou muito interessada em ler Americanah, acabei de comprá-lo na Estante Virtual. A história do romance entre dois nigerianos, ela vai estudar nos EUA, ele, pós onze de setembro, fica sem poder acompanhá-la, por conta das medidas americanas contra estrangeiros, na Nigéria. Por força do amor, vão se reencontrar, mas com cabeças e realidades totalmente diferentes. Achei a plot fantástica. Lupita Nyong'o (atriz negra que ganhou o Oscar) comprou os direitos para o cinema.

Com relação ao discurso, por favor, vejam vocês mesmos. Ela é uma oradora fantástica. Gostei da maneira como se posicionou diante de um tema que parece atingir ao mundo inteiro. Igualdade. De gênero. De raça. Seja qual for. 

Achei particularmente interessante quando ela trata das generalizações. Por que não tratar do problema dos direitos humanos ao invés de tratar especificamente do feminismo? Essa é uma pergunta tão constante nas minhas aulas que até tenho medo da juventude hoje em dia. Concordo com Chimamanda, porque não seira justo é a resposta. Esconder a especificidade do problema não o resolve, pelo contrário, é como escondê-lo debaixo do tapete de todas as problemáticas do mundo. 

Definitivamente, o mundo tem vários problemas. A desigualdade de gênero é apenas um deles. Ainda assim, é um problema medonho. Tanto para as meninas que são estuprada, assediadas, desvalorizadas, quanto para os meninos que são forçados à violência, que são as maiores vítimas da violência, que são renegados ao meramente financeiro nas relações familiares, sendo excluídos do trato social e da compreensão dos sentimentos humanos desde a mais tenra infância.

É difícil lidar com tanto radicalismo. Culpar o homem pelo modelo patriarcal não é eficiente. Deixar de ver a desigualdade de gênero tampouco. Acho que Chimamanda caminhou pelo assunto de maneira coerente. Principalmente quando fala de mudança. De uma mudança que começa pela educação. Uma educação diferente.

Ela diz "A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de maneira diferente."

Mas diferente como?

Chimamanda diz "E se criássemos nossas crianças ressaltando seus talentos, e não o seu gênero? E se focássemos em seus interesses, sem considerar gênero?".

Nossa! Acho que é totalmente por aí. Quero muito que minha filha seja exatamente aquilo que ela queira ser. Ainda que seja engenheira ou piloto de Fórmula 1. Mas, na prática, assim como você, ainda tenho alguns dilemas. O principal deles é: como vou ensinar a minha filha a lutar pela igualdade se tenho medo que ela seja atacada no meio da rua se usar um short curto?

Tento me conformar que é um processo lento. Acredito que faço a minha parte quando enfrento uma sala de quarenta e cinco adolescentes para discutir o que vem a ser igualdade. Mas, confesso, que assim como boa parte das pessoas que se diz feminista, ainda tenho o sonho de poder comprar sem medo um conjunto de panelinhas para o meu afilhado sem ser julgada.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

RELICÁRIO



Naquele sábado, estava mais traquina do que nos outros dias. O que, definitivamente, não era pouco. Já tinha quebrado a vidraça do vizinho de trás com a bola de futebol, enterrado seus bonecos de ação no jardim recém-plantado pela senhorinha do apartamento ao lado, ficou pendurado no parapeito da sua janela no quinto andar para isso, causando desespero no pobre porteiro lá embaixo. E não passava das nove da manhã.
Sua mãe cogitou lhe deixar de castigo depois da ligação desesperada do porteiro, mas tinha compromissos de trabalho até o meio-dia. O combinado era que iria para uma festinha de aniversário de um colega de escola. Já tinha comprado o presente. Festa na piscina. Dona Eleonora respirou fundo, fez uma pequena prece pedindo pela segurança de todos e o deixou no endereço do convite.
─ Vinícios, meu amor, – Olhou bem no fundo dos olhos verdes do menino de onze anos complicado que o filho tinha se tornado e, sem deixar transparecer o desespero que carregava na alma, disse – nada de causar problemas para essas pessoas, ok? Preciso que você seja o garotinho mais adorável do mundo pelas próximas três horas. Isso é possível?
─ Mãe... – Ele, envergonhado pelo tom de voz infantilizado da mãe que ainda por cima o chamava de garotinho adorável, queria entrar logo na casa do amigo.
─ Vini... – Ela o provocou. – É possível, meu bem?
─ É. – Respondeu contrariado como todo pré-adolescente sempre é o tempo inteiro.
─ Você pode conter seus instintos destrutivos por algumas horinhas, querido? – Ele fechou a cara. Ela sorriu de dentro do carro, adorava quando ele ficava com vergonha, era sinal de que, em algum lugar ali dentro, ainda havia alguns valores. – Ou preciso levá-lo para uma manhã de sábado tediosa de aulas de tango para a terceira idade? – Sempre que queria convencê-lo, usava esse argumento. Era mais do que eficiente. Vini detestava tango desde que o pai morrera.
─ Tá bom, mãe. Não vou machucar ninguém. – Ela o olhava de dentro para fora. Insistia. Ele continuou. – Nem quebrar nada. Nem xingar. Nem subir em lugares perigosos.
─ Nem arrancar plantinhas indefesas. Nem pregar peças de mau-gosto. Nem fazer chifrinho nas fotos... – Ela poderia continuar aquela lista infinitamente, mas o filho a interrompeu.
─ Já entendi, mãe. “O garotinho mais adorável do mundo”. Ok? – Era tanta ironia naquelas palavras que Eleonora fez outra prece, dessa vez pedindo ajuda ao marido falecido, porque não estava sendo nada fácil desde que ele se fora. Que ele ajudasse nem que fosse do além na criação do filho.
─ Tudo bem. – Respirou fundo. Vinícios já ia descer do carro. – Cadê meu beijo, possa saber?
─ Mãe... – Implorou, mas ela apenas apontou a bochecha e ele a beijou apressado.
Vinícios entrou na casa de Júlio César correndo. Não queria que ninguém o visse beijando sua mãe na porta de casa. Vini era um cara durão para a sua idade. Marrento. Como podia ser pego nesse flagra? Felizmente, ninguém viu.
A casa do amigo era em um condomínio fechado. Precisava cruzar um corredor de casas para chegar à piscina. Mas dava para ver de longe os balões e ouvir a algazarra de, pelo menos, umas vinte crianças correndo e pulando na água. Não foi difícil de achar.
Vini seguia de cabeça baixa, prestando atenção no embrulho do presente. Era um embrulhinho. Eram óculos de natação. Sabia que o amigo adorava nadar. Vini tinha, ele mesmo, feito o pacote de improviso. Estava verificando se o serviço estava bem-feito. Estava passável.
Até se assustou quando uma garota tirou brincadeira com ele. Ela assoviou e o chamou de gatinho. No auge dos seus doze anos incompletos, Vini ficou com muita vergonha. Mas ela, de bicicleta, chegou perto dele e insistiu nos galanteios. “Lindo”. “Que olhos são esses?”. “Que gatinho!”. O assédio foi tanto que ele teve de levantar a cabeça.
A garota era mais velha. Tinha uns treze anos. Um cabelo muito escuro num rabo de cavalo. Um nariz bem afilado. E um sorriso travesso.
─ Você é lindo, sabia? – Ela não se intimidou nem com o olhar dele.
─ Obrigado. – Respondeu ficando vermelho.
─ Você vai para a festa do Júlio César?
Apenas balançou a cabeça em afirmação.
─ Vai não, gatinho. Fica comigo.
Vini nunca conhecera uma garota tão direta. Ela sabia exatamente o que queria. Aquilo o assustava. Várias garotas já tinham dito que era bonito. Gostavam dos seus olhos verdes e do seu sorriso. Mas ela era a primeira a pedir para ficar com ele. Ficar.
Vini sabia exatamente o que significava, mas nunca tinha lhe passado pela cabeça ficar com alguém. Bem, talvez com uma pessoa, mas nem ele admitia isso ainda. Nunca tinha beijado ninguém. Não beijaria uma total desconhecida.
─ Não. Obrigado. – Baixou a cabeça e seguiu apressado até o fim do corredor. A garota espiando sentada na bicicleta.
No mais, a manhã correu bem. Cumprimentou Júlio César, caiu na água com o restante dos coleguinhas da escola e, por mais que tivesse encontrado mil possibilidades de tocar o terror, cumpriu a promessa de ser um bom garoto durante toda a festa.
Depois dos parabéns, comeu um pedaço de bolo. A mãe de Júlio impediu as brincadeiras dentro da água por pelo menos uma hora depois que o almoço foi servido. Então, a sugestão foi brincar pelo condomínio. Engataram um esconde-esconde. Cansaram com oito rodadas. E partiram para um Cabra-cega. Era a vez de Vini ser vendado.
Todos os seus colegas estavam na quadra. Pelas regras, tinham que ficar apenas naquele espaço. Vini seguia as risadas com os braços esticados, procurando pelas garotas mais falantes. Ana Maria nunca conseguia ficar calada. Era o alvo mais fácil.
De repente, esbarrou em alguma coisa. Em alguém. Antes que conseguisse pensar sobre o que tinha acontecido, sentiu a língua quente entrar na sua boca. Mexendo feito uma lagartixa. Aquilo era um beijo, mas nem de longe era bom. Empurrou a garota.
Ele tirou a venda com uma puxada só. Estava zangado. A menina caiu no chão. A menina da bicicleta. Ela estava rindo. Ele tinha vontade de chorar. Todos os seus amigos estavam ao seu redor. Ninguém ria. Conheciam Vini o suficiente para saber que não tinham permissão para brincar.
Vini olhou para ela com ódio no olhar. Tinham o mesmo tamanho. Ela estava estatelada no chão. Mas ria. Era a única a rir. Ele sentiu um desejo muito forte de começar a chutá-la. Adoraria descarregar parte da revolta que guardava em si naquela idiota de rabo de cavalo que se achava no direito de sobrepor a sua vontade à dos outros.
Mas lembrou-se da mãe. Respirou fundo. Percebeu que era mesmo o adorável garotinho da mamãe. Simplesmente virou de costas e saiu da quadra.


***

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Senhor Cabeça de Batata

Estou percebendo que as postagens que envolvem dicas com relação ao universo infantil estão fazendo certo sucesso. Isso é interessante, visto que boa parte dos meus leitores são adolescentes e alunos. Mas acho que meus colegas nessa fase de ter e criar filhos acabam curtindo o blog também.

A proposta para hoje é de mais uma atividade. Porém, um pouco diferente, uma vez que não é nada ao ar livre ou que faça sujeira. Na verdade, é algo que você pode simplesmente comprar numa loja. Hoje a atividade vem na figura de um brinquedo famosíssimo, imortalizado nas telas de cinema pelo filme Toy Story: o Senhor Cabeça de Batata. 

Primeiramente, queria contar como descobrimos a eficiência desse boneco que existe desde 1952. Na nossa viagem para São Paulo, passamos uns dias hospedados na casa dos queridos Marcelo e Cris. Eles têm filhos mais velhos que a Bia e, ao término da viagem, ela nos doou os brinquedos (super bem cuidados) que os meninos não curtiam mais. Gente, essa prática é maravilhosa. E deve ser passada adiante. 

Nos tempos em que vivemos, as crianças têm brinquedos demais para pouco espaço, para o tanto que efetivamente brincam com eles. Então, é importante ter essa rotatividade. Já falei que estímulo demais não é positivo, é estressante. 

Além disso, o que me admira nas crianças da Cris é o cuidado com as peças. Estão usadas, claro. Mas estão todas lá e inteiras. Esse tipo de ensinamento é tão valioso para a vida, vocês não acham? 

Para completar, de quebra, ainda tenho a oportunidade de ensinar à Bia que nem tudo que é divertido precisa ser novo, precisa ser de uma loja, precisa ser comprado. Até hoje, Bia brinca com sucata da mesma maneira que brinca com seus Fisher Price, não faz distinção. Pretendo que continue assim, mas sei que a publicidade para crianças de quatro anos é massiva e interfere nessa relação.

Bom, voltando ao Cabeça de Batata, ele estava entre os brinquedos doados. Assim que chegamos, tratei de arrumar o quarto da Bia com os brinquedos novos. O quarto de uma criança dá um post só para isso, mas arrumar brinquedos, em outras palavras, significa esconder alguns. As crianças pequenas têm uma memória frágil ainda. Se você esconde os brinquedos por um tempo, quando você os devolve, é como se eles os ganhassem novamente. A empolgação é contagiante. A economia também.

Bia já estava empolgada por rever seus brinquedos. Mas, o Cabeça de Batata... Nossa! Foi amor à primeira vista. O brinquedo veio numa malinha no formato de batata, desde que ele chegou em julho, tenho pesadelos com essa malinha abrindo e esparramando as peças no chão, fruto de tantas vezes que já juntei essas pecinhas. Ela simplesmente adora esse brinquedo. Mesmo tendo muita dificuldade para colocar as peças nos espaços corretos, ela não desiste. E, várias vezes, já a pegamos correndo pela casa tentando colocar em si mesma os óculos minúsculos da batata.

Eu pensava que esse brinquedo faria sucesso bem mais tarde. Talvez com três anos, quando ela pudesse mexer com as peças testando as diferentes possibilidades, mas que nada, a batata ganhou nossos corações com uma Bia de um ano e meio. Depois, fiquei pensando, a Bia está numa fase de reconhecimento de si mesma, de reconhecimento da sua individualidade, do seu corpo, um brinquedo que traga olhos, ouvidos, bocas e narizes só poderia encantar mesmo.

Eu recomendo demais esse clássico americano. Agora, para o natal, é uma boa dica de presente. É caro, mas nem tanto. O simples, com 18 peças, gira em torno de R$70,00. Para você que não sabe como o brinquedo é, trata-se de um corpo de batata de plástico que vem com uns furinhos. Aí, tem as pecinhas, com diferentes formatos, são olhinhos, chapéus, sapatos, bracinhos, bocas. As peças são pequenas, mas não dá para engolir. Deixo a Bia brincando com ele tranquilamente.

Acredito que seja mais do que possível fazer esse brinquedo em casa também. Com diferentes vegetais e carinhas engraçadas. Quando a Bia for mais velha e puder me ajudar desenhando as carinhas, certamente vou tentar. Mas, por enquanto, fica a dica de um brinquedo que é fenomenal.

Se eu puder me meter ainda mais na sua lista de presentes, não aconselho dar aos menores os Cabeça de Batata que são temáticos, tipo da Marvel Star Wars ou de princesas (Sim, existe a Senhora Cabeça de Batata). As crianças estão numa fase de descoberta e identificar olhos e bocas já é difícil, introduzir máscaras e capacetes acaba sendo um pouco demais. Invista nesses brinquedos para crianças um pouco mais velhas.

Por fim, uma dica que aprendi recentemente nessa minha vida de mãe: todo brinquedo com fim educativo deve ser mantido completo e numa caixa exclusiva. Por isso minha tarefa prometeica de juntar todas as vezes as pecinhas. Deus sabe o trabalho que dá! 

Mas, veja bem, um brinquedo desses tem um propósito, a criança brincante não o percebe, você sim. Se você deixar um quebra-cabeça espalhado e as peças se perderem, nunca mais você atingirá o objetivo de montar a cena. O que é frustrante para caramba, diga-se de passagem. Isso se aplica a qualquer brinquedo educativo. Blocos, brinquedos de sequenciação, brinquedos de categorização (como animais da fazenda). Todos eles devem ser guardados com todas as peças e em caixinhas/ambientes separados, ou seja, organizados. 

Observe que não é o caso de que a criança vá ignorar os brinquedos, ela vai brincar com eles mesmo misturados. O brinquedo apenas não atingirá o propósito a que se propõe. 

Vou parando que o post ficou grande demais!

Até...

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Até as princesas soltam pum

Minha dica de leitura hoje é de um livro superconhecido. Mas se por um acaso do acaso a sua criança não conhece, trate de adquirir porque vale muito a pena. Trata-se do maravilhoso Até as princesas soltam pum da editora Brinque-book.

Gente, esse é imperdível mesmo. Primeiro, porque ninguém resiste a uma piada de pum. Vamos assumir que uma boa piada de peido é para lá de divertido. Acho até que o pum é uma das prova de que Deus tem senso de humor. O barulhinho constrangedor deve ter sido desenhado pela divindade criadora com o claro objetivo de causar boas risadas.

Além disso, é um livro com valores feministas. Eu, particularmente, tenho um cuidado todo especial na escolha dos temas que levo para a minha filha, pois tenho consciência do papel deles na formação da minha pequena. E a ideia de que as mulheres não precisam seguir rígidos padrões de conduta é uma dos assuntos que considero mais do que relevantes na formação da Bia.

Se eu puder escolher, prefiro não criar uma princesa num mundo exclusivamente cor-de-rosa. O benefício da coroa é um fardo pesado demais para nossas meninas carregarem. A eterna delicadeza, gentileza, educação, submissão aos valores, o portar-se corretamente, o vestir-se adequadamente, esperar o príncipe encantado... Sei lá! Tudo isso me parece uma prisão de rosas, lilases e boas maneiras em que eu não pretendo trancafiar minha filha. 

A determinação de gênero em tão tenra infância não me seduz nem um pouquinho. Por mim, a Bia vai ser sereia, pirata, Tartaruga Ninja e, se ela quiser, até princesa. Mas, definitivamente, não estou criando uma princesinha. E esse livro tem tudo a ver com essas ideias.

Até as princesas soltam pum é a história de Laura, uma menina curiosa que fica encafifada com uma afirmação que ouviu no colégio de que a Cinderela  era uma peidona. O pai de Laura, então, pega um livro especial na estante, o livro secretíssimo da princesas. No capítulo que trata de problemas no trato gastro-intestinal das princesas, ficamos sabendo como os contos de fada deram uma disfarçada nas flatulências das princesas. Cinderela, por exemplo, teve seu peido camuflado no badalar do sinos à meia-noite. Já a Pequena Sereia, todas as vezes em que precisava soltar um, pulava no mar e botava a culpa das bolhinhas nas algas.

As crianças a partir de quatro anos vão simplesmente amar esse livro. Nessa altura, elas já conhecem muito bem os contos de fada e qualquer mudança na história as excita. E para completar, ainda tem conversa de pum. Que criança não gosta de piada de pum? Eu mesma, morro de rir todas as vezes com as adaptações que são muito bem contextualizadas.

É garantia de sucesso. 

Vou deixar para vocês o vídeo em que a Carol Levi conta a história do livro.

Beijos de luz!



sábado, 21 de novembro de 2015

Tentativa

Gente,

fiz uma loucura. Estou ansiosíssima. Faz tempo que acompanho um canal de Youtube sobre resenhas de livros. O Garota It. A Pam Gonçalves é uma gracinha. Gosto muito de como ela apresenta os livros que lê, tem uma paixão. 

É um canal famoso. Eu mandei uma cópia de Do Seu Lado para a caixa postal dela. Espero mesmo que ela leia e que faça uma resenha. Isso alavancaria minha popularidade. E, quem sabe, eu consiga os contatos para a publicação. 

Não custa sonhar, né?

Beijos de luz.


sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Atualizações


Oi gente,
os dias estão intensos, muito trabalho, fim de ano, vestibular, a galera com medinho da recuperação. As vidas dos amigos tomando rumo. Uns tendo filhos. Outros seguindo com suas carreiras. Cheiro de material humano no ar... Tanta coisa ainda por vir...

E eu com dificuldade de dar conta da parte de resenhas do blog. Não me leve a mal. Vou demorar um bocadinho para ler. Ando ocupada demais no trabalho: lendo. Chegar em casa e ler mais não faz bem nem para a mente nem para vista. O mês de novembro, certamente, terá mais resenhas de livros infantis do que de quaisquer outros...

Porém, nem tudo é notícia ruim. Terminei mês passado o meu quarto livro (Por onde Andei) e estranhei o fato de que minhas amigas (e ávidas leitoras) não me deram nenhum feedback. Mandei o livro, maior carinho do mundo, coração na mão e: nada. Sem uma palavrinha sequer. 

Nem Carolina, nem Mônica, nem Bruna, nem Gislania, nem Fabia, nem Mayara... Meu exército do incentivo me deixou na mão.

Estava nervosa sobre esse livro. Ele é diferente dos anteriores. Primeiro, não é em terceira pessoa. Os personagens se dividem na narração. São pontos de vista diferentes sobre as mesmas situações. Criações distintas. Diferentes histórias de vida que se confrontam. 

Foi para lá de difícil escrever assim. Entrar na mente deles...

Além disso, não estaremos mais na turma central. Vini, André, Malu e Mariana quase não são mencionados. E eu sei o quanto todo mundo está apegado a eles. Eu também estou. Então, tenho um desafio a mais, convencer vocês mais uma vez de que existem diferentes formas de amar. Que nem tudo é eterno. E que a perfeição tem várias cores. 

Carlos Eduardo e Bruna foram me convencendo disso muito lentamente. Um amor físico e mais adulto do que os anteriores. Eu não sabia se daria certo, mas fiquei satisfeita com o resultado. Porém, estava na dúvida. Às vezes, a ideia está na sua cabeça, mas não vai para o papel. Por isso, estava ansiosa pela resposta delas.

Bom, entre provas de doutorado, mestrado, concurso, viagem e TCC, ninguém me respondeu. Entendo completamente. Não se sintam obrigadas, meninas. A vida é dura mesmo!

Porém, confesso que foi me dando uma insegurança. Como se estivesse tão ruim que nenhuma delas, por educação, fosse me falar. Nem parece, né, mas nesse assunto sou assim: insegura. Escrever é ficar nu, gente. E eu só fico nua na frente de quem confio. Eu já estava preparada para os "não gostei".

Foi aí que uma aluna me salvou. Todos os anos, novas alunas leem meus livros. O que me dá muito orgulho, para dizer a verdade. Amo de paixão a carinha delas. Afinal, são o meu público. Minha chance de conversar com quem me entende. Com quem gosta dos meus personagens. Estou pensando até em uma mesa redonda. Só para falar de personagens... Qualquer dia, eu marco.

A Lívia, no entanto, nem parece ser dessas meninas que gostam de romances adolescentes, mas, pensando bem, ela deve ser do tipo que lê de tudo, inclusive os romances adolescentes. Ela leu num embalo só os três primeiros. E calhou de eu terminar o último assim que ela acabou a leitura do terceiro. Ela me pediu e mandei o quarto. Coração na mão e já meio decepcionada com minha escrita.

De repente, tô no shopping e ela me manda uma mensagem. Disse que adorou o livro. Que era o melhor até agora. E que se identificou com algumas coisas da história. Nossa! Foi um alívio.

Não tenho a intenção de fazer com que as histórias sejam cada vez melhores. Na minha cabeça, cada par vai surgindo, os contornos de suas peculiaridades vão tomando corpo e, de repente, preciso contar aquela história, mas não tenho em mente que a nova história tenha de ser melhor do que a anterior. O meu livro favorito, por exemplo, continua a ser o terceiro. Mesmo não sendo esse o objetivo, ainda assim, a opinião da Lívia encheu meu coração de alegria, porque Por Onde Andei não é meu favorito, mas é o de alguém. E é isso que me importa, que eu continue a escrever histórias que toquem as pessoas. Muito obrigada, Lívia!

Depois, a Bruna e a Eduarda (outras alunas) também leram a versão impressa. Também estão apaixonadas pelos personagens. E eu recobrei minha confiança em mim mesma. Obrigada, meninas.

Para completar, a Fabia, uma professora e leitora, colega de trabalho, trouxe uma carta de uma de suas alunas (de outra escola) para mim. A garota leu Do Seu Lado. Fiquei feliz com as palavras dessa garota, nem sei o nome dela, não assinou a carta. Primeiro, pelo carinho de escrever. Segundo, porque ela conta uma história muito parecida com a de Malu e conta que quer saber o que acontece depois. Eu espero mesmo que ela goste de tudo mais que eu escreva. Até do que acontecerá com a Malu...

Por fim, são tantas meninas lendo meus livros na escola que isso chamou a atenção do professor de Filosofia. Ele é um cara questionador e muito curioso. Acho que os alunos lendo por vontade própria deve ter mexido com sua curiosidade. Além de, é claro, o fato de saber que uma colega de trabalho escreve. Ele pediu para ler o livro. Eu disse que não faria o estilo dele. Mas emprestei.

Ele ainda não me devolveu. Espero sua resenha. Talvez fique com a falsa impressão de que sou eu naquelas páginas. Já expliquei para vocês que não é. É tudo coisa da minha cabeça mesmo. Isso, entretanto, não interessa, a meu ver, o positivo dessa história é que tem tanta gente lendo e comentando meus livros que sinto até um certo gostinho de como o sucesso deve ser.

Post longo demais. Blog é para isso mesmo. Para escrever o que vai pela cabeça. E hoje eu precisava dizer o que estava sentindo e dizer o quanto estou agradecida por tudo quanto vem acontecendo...

Valeu!

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pedidos

Hoje o post é, ao mesmo tempo, um pedido e um convite.

Primeiramente, quero convidar a todas (todos, se for o caso) as minhas alunas e amigas a se inscreverem no blog. Dessa forma, vocês acompanharão as atualizações sem precisar de aviso meu no facebook. E, além disso, eu posso saber quem me acompanha pelos rostinhos de vocês aí do lado. Gente, é um incentivo grande. Afinal, é bem chato escrever como se estivesse falando com ninguém. :(

Sei que toma um tempinho, precisa do e-mail e de uma foto... Mas, vá lá! É uma delícia saber que vocês estão aí.

Se você não sabe onde que se inscreve é nessa coluninha do seu lado direito (no celular não tem). Gente com a gente. Basta clicar em: participar deste site e preencher um formulário. Se você já tiver uma conta google dá até para aproveitar os dados. Simples.

Já a outra coisa é um pouquinho mais complicada. E é um pedido mesmo. Não tenho problemas em emprestar os meus livros. Não tenho a ilusão de ficar rica com isso. Mas tenho o sonho de escrever profissionalmente. Tento correr atrás de várias formas. E, nossa, é bem difícil. Falar do meu trabalho não deixa de ser falar de mim mesma e eu nunca me senti a vontade para fazer isso. 

Conheço bem o gênero infanto-juvenil e sei que o que escrevo é bom o suficiente para ser publicado, mas como conseguir que as portas se abram. Eu não conheço ninguém do mercado editorial. Tampouco disponho de dinheiro para lançar meus livros por conta própria. Então, preciso ser vista.

A maneira que encontrei de chamar um pouco de atenção foi publicar meus livros em um site o clube de autores. Nele é possível comprar livros por demanda. O que deixa cada exemplar relativamente caro, mas possível de ser pago. Entretanto, como destacar meu trabalho dentre tantos? 

Muitos dos livros deste site são amadores. O meu também é, claro, mas de uma maneira diferente. Não gosto das capas e o meu material não passou por revisores. Já alguns desses livros não são bons em termos de enredo e até de grafia das palavras. Por tudo isso, é bem difícil comprar aleatoriamente pelo site. E é aí que vocês entram.

Mesmo com todas as dificuldades, já vendi exemplares do meu primeiro livro para pessoas aleatórias. E uma delas qualificou meu trabalho com cinco estrelas. Isso ajuda na visibilidade da obra.

Então, amigas, se vocês puderem entrar no site e qualificar meu livro, agradeço. Tem uma coluna do seu lado esquerdo na tela. Ela tem links que levam diretamente para os livros. Vocês vão ter que fazer o cadastro no site para poder opinar. E, se a paciência for grande, quem puder fazer comentários sobre as histórias, eu agradeço por demais. 

Assim, quando uma pessoa que não me conhece vir as palavras de vocês, talvez ela se interesse pela obra e compre.

Valeu!

Beijos de Luz!


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Banho de Chuva



Esse calor infernal que vem aqui no Ceará me fazendo me trouxe uma ideia, uma saudade para ser mais coerente: chuva.

Aqui na minha região, chove no começo do ano (quando chove). Por conta dessa raridade, cearense adora chuva. Nós achamos um dia cinza a coisa mais linda do mundo. E (ainda) é comum ver crianças no meio da rua pulando em poça e aproveitando as bicas das casas quando resolve cair um toró (chuvarada).

Entretanto, as condições da vida moderna têm mudado esse quadro. Violência, poluição, doenças, tudo isso virou motivo para não cair na brincadeira. Lamentável!

Discutir a importância das brincadeiras ao ar livre parece que virou assunto ultrapassado. Como se o ambiente fechado e a tecnologia dessem conta de suprir todas as necessidades do desenvolvimento infantil. Temos um cérebro que se desenvolveu a partir de um processo evolutivo, as crianças precisam vivenciar de alguma forma esse processo. O fato de hoje o homem nascer cercado de tecnologia não os exclui dessa condição. Ou seja, é preciso sentir, cheirar, cair, colocar na boca, pisar em meleca, para dar sentido ao que existe no mundo.

Mesmo que isso acarrete uma febre, uma verminose ou uma dor de ouvido depois.

Nesse sentido, a tecnologia está a nosso favor. Não contra. Se fica doente, cuidado, remédio e vacina. Só não pode deixar de viver coisas importantes da vida.

Vejo muitos pais apreensivos. Cheios de zelo. "As doenças estão mais fortes", "Ele não pode ficar doente", "Não dar vez ao azar". Sei lá, às vezes me sinto meio peixe fora d'água. Doença, por mais que seja sofrido (sei que é), faz parte da infância. Ser mãe também é ensinar a lidar com a dor. Penso assim.

Claro que não sou irresponsável. Nesse dia do banho de chuva, a Bia estava ótima de saúde. Ela sempre se alimentou bem, o que inclui uma vasta variedade de frutas na sua dieta, o que influi significativamente na questão dos resfriados. Nós ficamos meia horinha brincando na água e depois foi banho quente, almoço e roupinha confortável. 

Além disso, essa não era a primeira chuva, nem do dia, nem do mês, nem do ano. Infelizmente, o ar anda meio sujo mesmo e temos que ter cuidado com a poluição. Então, deixei que as chuvas anteriores limpassem um pouco o ambiente para poder brincar com ela.

Para completar, estamos no nosso condomínio. Lugar razoavelmente limpo e protegido da violência e de raios. 

Enfim, analisando o ambiente e as condições de segurança, é uma atividade maravilhosa de ser feita. Foi uma manhã bem divertida. A Bia explorou. Pisou nas poças. Sentiu as gotinhas caindo no rosto. Uma delícia! 

A quadra chuvosa se aproxima. Vamos ver se esse ano vai dar certo mais banho de chuva!


terça-feira, 17 de novembro de 2015

Trecho de Pra você guardei o amor


─ Meu amorzinho, eu sei que o dia hoje foi intenso. – Dona Heloísa abraçava Milena. Dava-lhe beijinhos no rosto com delicadeza tentando transmitir-lhe sua força. – Você precisa descansar...
De repente, as duas começaram a ouvir a voz de Felipe cantando a plenos pulmões uma música de Jason Mraz. A música era linda e ele cantava com muita vontade. Queria ser ouvido em cada palavra. Dona Heloísa, romântica incorrigível que era, foi logo abrir a janela.
I won't give up on us/ Even if the skies get rough/ I'm giving you all my love/ I'm still looking up.[1]
─ Ele é insistente. Isso não se pode negar...
─ E lindo. E bacana. E romântico. Falta o que mesmo para você ficar com ele de vez, hem, Milena? Queria entender? Juro.

***

[1] Eu não vou desistir da gente. Mesmo que os céus fiquem violentos. Eu estou te dando todo meu amor. Eu continuo olhando para cima.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Processo Criativo - Tem Spoiler

Sempre que alguma amiga ou aluna lê algo que escrevi, a ideia de que aquilo que está ali sou eu surge. Como se cada casal fosse a representação de um namorado do passado. Cada situação fosse algo que vivi. Mas não é. Não da forma que se imagina.

Tem sim um pouco de mim. Porém, muito mais de observação do que de vivências. Coisas que aconteceram com amigos. Características que admiro nas pessoas. Nas relações, não somente amorosas como as diversas maneiras que as famílias têm de se relacionar. Mostro alguns valores que são meus que acho bacana passar. Mostro também outros valores que não acho bacana, mas que meus leitores devem descobrir sozinhos.  Ou seja, é mais um trabalho de observação da condição humana do que de vida prática.

Por exemplo, em Do Seu Lado, as meninas adoram o Vini. A representação física dele, realmente, foi inspirada em um colega de sala do passado, assim como seu gosto pelo futebol. Porém, os olhos verdes que mudam de cor com o humor, que muita gente acha que é uma mentira, roubei do meu sogro. A diferença é que os dele são azuis e não verdes como os de Vini. 

Já a personalidade de Vini é uma mistura de todos os exageros de colegas na adolescência. Vá por mim, eu não concordo com a maneira obsessiva com que ele se comporta. Embora muitas leitoras entendam a relação dele com Malu como um amor lindo. Eu, particularmente, entendo como imaturidade. Típica da idade. Típica das relações dessa faixa etária.

Gosto da relação dele com a mãe. Gosto de sua lealdade com os amigos (tudo isso observei de diferentes pessoas.). Mas, no quesito amoroso, ele mesmo admite em algum momento, que sua relação com Malu beira o doentio. É uma idealização sem fim. E vejo isso com frequência nas relações adolescentes. Por isso está no livro.

Por isso também não entendo quando as meninas ficam com raiva de Malu quando ela o deixa para estudar fora. Você acha certo abrir mão de um sonho dessa magnitude por causa de um namoro de escola (por maior que seja)? Você faria isso? Tadinha da Malu. Falar sobre ela daria um outro post, mas não consigo sentir raiva da bichinha por causa dessa escolha em específico não.

Voltando ao tópico, o meu processo criativo é constante. Estou sempre colhendo características para os personagens. Da minha vida, da vida dos outros. Tento não extrapolar a barreira daquilo que conheço, pois acho que fica mais fácil de errar quando não conhecemos a perspectiva do outro. Mas, dentro do universo humano que pertenço, vou misturando vida particular, observação e criatividade na composição das histórias.

E os personagens, que nascem mais com propósitos (função naquela determinada história) do que com personalidade, vão ganhando essas características e ficando com um jeitinho só deles. 

Pensando bem, deve ser assim que Deus faz também.




terça-feira, 10 de novembro de 2015

Trecho de Do Seu Lado

Foi com uma imensa satisfação que Seu Fernando cumprimentou Vini, pareciam amigos de longa data. Tão logo Malu e o rapaz cruzaram a porteira da fazenda, ele nem os deixou entrarem na casa, puxou Vini para a garupa do seu cavalo e seguiram em direção aos estábulos onde ficava estacionado o velho trator.
Malu não se deu ao trabalho de ficar indignada pelo fato do pai nem ter lhe dado atenção, achava muito legal essa amizade que crescia entre eles. Chegou até a considerar o quão seria útil toda essa empatia entre os dois quando fosse revelar que estava namorando Vini, se é que faria isso um dia.
Deitou-se numa rede na varanda disposta a tirar um cochilo, mas seus pensamentos voaram para esse futuro com Vini, podia vê-lo tirando as coisas deles do carro, prontos para passar o fim de semana com a família, a avó faria a comida favorita dele e o pai se derreteria em atenções ao rapaz como fazia agora, depois Isaura viria de tarde trazendo Laura para brincar e Malu podia prever que a criança seria louquinha por Vini também, já que todos pareciam cair de amores por ele rapidamente. Ela se perguntou com um sorriso no rosto desde quando Vini era tão encantador.
Enquanto isso, Vini e Seu Fernando desmontavam e limpavam as peças do motor do velho trator. Vini tirara a camisa para não sujar de graxa e Seu Fernando lhe emprestara um chapéu para proteção por conta do sol forte na cabeça. Assim de jeans, chapéu, sem camisa, barriga dividida, pele bronzeada e olhos muito verdes concentrados no trabalho, Vinícios estava bonito demais para manter as jovens lavadeiras trabalhando do outro lado da cerca. A toda hora uma moça vinha puxar assunto com Seu Fernando, vinham cheias de risadas e sorrisos, ajeitavam o cabelo e rebolavam mais do que o costume. O rapaz nem reparava nelas, mas Seu Fernando começava a se divertir com aquele desfile.
– Vem cá, filho, é sempre assim por onde você anda? - finalmente falou quando a quinta moça, a filha da Dona Mercedes, desistiu de tentar chamar a atenção deles.
– Como assim, Seu Fernando? - Vini levantou o olhar do serviço que fazia. Só então percebeu os acenos e risadinhas de um grupo de moças que lavava roupa num riacho mais a frente - Ah! Isso! - Vini sorriu, baixando a cabeça.
– Como assim? Você nem liga? Hiii! Sei não, moleque, eu na sua idade... - aproveitou para tirar onda.
– Se eu fosse deixar de fazer o que estou fazendo cada vez que isso acontecesse... - já que Seu Fernando queria se divertir, resolver bancar o boçal - Eu não faria mais nada da vida! - sorriu.
– Arre! Mas olha a petulância do moleque! Duvido. Você é mesmo um frouxo, quer saber? - divertia-se com o rapaz.
– Seu Fernando, eu sou um homem de paixões, aprendi isso com meu pai. Tem horas que eu prefiro a certeza e a previsibilidade dos motores do que mexer com os inconstantes corações femininos. Então, me deixe trabalhar, sim. - disse com a sabedoria de um bêbado de botequim barato. E Seu Fernando, diante da declaração, controlou-se para não desatar a rir. Mas o moleque continuava a se fingir de sério e aquilo tornava tudo ainda mais divertido.
– Pois bem, seu atrevido. Mas foi você mesmo quem me disse que a maior paixão do seu pai não eram os motores...
– Nem a minha. - Vini parou de polir a peça e o encarou sério. - Eu nunca disse que era. Na minha cabeça e o no meu coração, antes de qualquer outra coisa, só tem uma paixão.
– Ah! - Seu Fernando não percebeu que de repente o clima não era mais apenas de brincadeira. - E eu posso saber qual é essa paixão avassaladora que consome esse seu jovem coração, moleque?

– Sua filha.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Atividade de Transferência de Sólidos


Concentração. Palavrinha mágica para quem tem crianças pequenas. E como é difícil que foquem por alguns minutos em uma atividade. Psicólogos, aliás, já alertam para a super estimulação dessa geração. 

Para eles, tudo canta, tudo dança, tudo interage, tudo responde, tudo brilha e tudo pisca. Como esperar que essas pessoinhas gostem de ler? Como se pretende que elas aprendam a imaginar por conta própria? E no futuro, como convencê-las a fazer cálculos matemáticos ou estudar por um livro que não tem botões?

A atividade de hoje convida a refletir sobre isso. A sobrecarga de estímulos não é benéfica, pelo contrário, é estafante para a criança e pode ser prejudicial, se a impede de se desenvolver. Por isso, a atividade que compartilho com vocês será, ao mesmo tempo, sobre diminuir a quantidade de estímulos e sobre concentração. 

É bem simples. Basta separar em uma tigela ou bacia algum material sólido ( nas fotos estou usando macarrão gravatinha, mas já usei arroz, lentilha, milho), gosto de usar comida porque, se minha filha colocar na boca não tem problema. Mas ela não coloca. Nunca colocou. Fica entretida demais e já passou dessa fase de colocar tudo, toda hora, na boca.

Então, você disponibiliza para a criança potinhos de diferentes tamanhos e formatos, assim como colheres ou pazinhas (também de variados tamanhos). 

Eu costumo fazer atividades com a Bia dentro dessa piscina de plástico azul que vocês estão vendo aí nas fotos. Facilita na hora de limpar. Caso suje, só jogo debaixo do chuveiro e está ótimo ( a sugestão do vídeo é usar um lençol, caso não tenha a piscininha). Além disso, ela está acostumada à piscina. E todas as vezes em que eu a pego, Bia vai logo se empolgando, porque sabe que vem alguma atividade bacana. Rotina é tudo!

No mais, é só deixar a criança interagir com os objetos. Eu nem interfiro. Ela passa uma bom tempo tentando colocar os grãos nos potinhos, transportá-los com as colheres. Às vezes, a maneira como os grãos ou macarrões se arrumam nos potes chama a sua atenção. Ou seja, coordenação motora fina e concentração sendo trabalhadas. Além, claro, a questão física do conhecimento dos sólidos. SUCESSO TOTAL!!! 

Nunca imaginei que seria assim. Eu pude descobrir, na prática, o poder que uma criança concentrada tem. Vi essa atividade em um vídeo, achei bacana, reproduzi em casa e deu MUITO certo. A tal ponto de que a repeti várias vezes com outros materiais. A Bia simplesmente adora. Geralmente, ela passa quarenta minutos concentrada, sem nem notar que eu existo. Posso bater fotos, cantar, que ela não está nem aí. Percebam que ela nem olha para a câmera.

É uma atividade fantástica para os dias de chuva. Ou para aqueles momentos em que a criança está elétrica e a hora de dormir está chegando. Desacelera na hora. 


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Banco Itaú - Leia para uma criança

Desde que descobri, uns três anos atrás, que o Banco Itaú tinha essa iniciativa, todos os anos peço minha coleção. A proposta, caso você não conheça, é dar livros para que os adultos possam ler para suas crianças, sejam elas filhos, sobrinhos ou vizinhos. 

Achei a ideia maravilhosa. Tanto porque o livro infantil é realmente caro. Principalmente se colocado em perspectiva com o livro adulto que "tem muito mais páginas". Sei que ali existe todo um outro trabalho de ilustração, de adaptação de linguagem, mas ainda assim não justifica os preços.

Além disso, o incentivo atinge diretamente o problema da questão da leitura no Brasil. Adultos não-leitores que não valorizam o ato de ler. Recebendo os livros de graça, acabam-se todas as desculpas para não se ler para uma criança.

O site, aliás, traz até recursos para ajudar os adultos na tarefa. Os que são encabulados. Os que não sabem o que fazer. Tanto tem textos motivadores, dando uma forcinha para se soltar na tarefa de ler, quanto tem aplicativos de celular com boquinhas e sonoplastia para animar a brincadeira.

Todos os anos, uma nova coleção é lançada, com livros nacionais muito bons. O que de quebra ainda valoriza os escritores daqui. Os livros deste ano são esses aí:


Se você nunca pediu, pode pedir. Chega mesmo. Já recebi a minha. E, para completar, ainda vem em um envelope lindo com selos de princesa e o remetente é o príncipe sapo. Encantador! Às vezes, quando a esmola é demais, o santo desconfia. Você pode pensar que vai receber propagandas ou outro tipo de inconveniente do banco. Não acontece. Comigo nunca aconteceu, pelo menos. Pode pedir tranquilo.

E é fácil, basta preencher um formulário, nome, endereço de entrega, relação com as crianças para quem você vai ler. Não se preocupe. Você vai receber de qualquer jeito, não precisa dizer que tem muitas crianças, nem que são seus filhos ao invés de sobrinhos, por exemplo. Acho que esse tipo de dado é somente para estatísticas internas.

Estou deixando o link para facilitar sua vida. Peça mesmo!

Peça sua coleção aqui.





quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Ter um patinho é útil

 A relação da minha filha com a leitura começa muito cedo Sempre tive um encantamento com a literatura infantil, mas, quando descobri que estava grávida, comecei um investimento sério nesse sentido. Todos os meses eu compro livros infantis. Minha maneira de comprar vale um post só para isso que talvez eu faça. Porém, por enquanto vale saber que esse é um compromisso que tenho com minha filha. Meu legado. Das coisas que preciso ensiná-la, e são muitas, gostar de ler é meu objetivo top.

 Então, partimos para a questão cronológica do desenvolvimento infantil. O começo foi fácil. Livros para bebês são inúmeros, de plástico, de tecido, com texturas, com barulhinhos. Era só deixar manusear e ela botava na boca e interagia como qualquer brinquedo. Depois, lendo por aí qual seria o próximo passo, percebi que começou (lá pelos seis, sete meses) o interesse pelos livros formadores de vocabulário. São livros com fotos (as crianças pequenas têm dificuldade de associar desenhos com a realidade, principalmente se não forem desenhos realísticos). Até hoje esses livros fazem sucesso por aqui. Começamos com livros com uma imagem em cada página e já estamos em livros com 10 ou 12 imagens. Os livros favoritos são os de animais.

Porém, com 1 ano e 7 meses, percebemos que precisamos introduzir histórias com começo, meio e fim. No entanto, os contos de fada não seguram a atenção dela, quando não causam um medo desnecessário da bruxa. Ela sempre reage mal a contos de fada. Sei que os conhece da escolinha, mas não acho eficiente. Se não for maléfico.

Ganhamos de presente o livro Uma lagarta muito comilona (Eric Carle - Kalandraka), A Bia adorou. A historinha simples e repetitiva tem começo, meio e fim, ao mesmo tempo que os elementos que se repetem mantêm a atenção da criança. Com ele, descobri que existem livros para essa faixa de desenvolvimento, mas são bem mais difíceis de achar. Por isso, vivo a procurar por livros assim.

Nessa procura, cheguei no maravilhoso Ter um patinho é útil de Marisol Misenta (ou somente Isol). Nesse livrinho todo sanfonado, de um lado, vamos ver (em amarelo) o encontro entre um menino e um patinho de borracha e todas as brincadeiras que fazem sob a perspectiva do menino. E, para nossa surpresa, ao final do livro, deparamo-nos com uma segunda capa (em azul), com a mesma história da relação menino-patinho da perspectiva do patinho. Lindo. Criativo. E vem garantindo momentos prazerosos de leitura aqui em casa.

Para variar, é mais um livrinho da Cosac Naif. Acabamento impecável. Vem numa caixinha para o sanfonado não abrir. As ilustrações têm traços simples e compreensíveis pelas crianças. A meninada se identifica com as atitudes do menino. E, além de tudo, ainda damos a criança uma primeira experiência com a leitura da modernidade, pois nada mais moderno do que a mudança de perspectiva. Do que encarar o narrador como figura atuante na construção da narrativa. 




quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Minha vida fora de série - Terceira temporada

Meio mundo de gente já resenhou esse livro, como acontece com qualquer um da Paula Pimenta assim que sai, não vou fugir da minha tarefa, uma vez que estava louca para ler também. Mas vou logo avisando: dou spoiler. 

A Paula é a autora do gênero mais vendida no país. Deve, no muito, empatar com a Talita Rebouças. Embora a primeira atinja o público adolescente, enquanto a segunda se concentra mais nos pré-adolescentes.

Teci vários elogios à Paula enquanto lia a série Fazendo Meu Filme, você pode achar algumas resenhas aqui no blog. Tenho a série completa, mas, por conta da minha parada, não resenhei o restante, embora tenha lido todos. Acho a história legal, as personagens secundárias são interessantes e o casal convence. Tem começo, meio e fim. É fofinho. Vale à pena!

Lembro de ter gostado mais ainda de Minha Vida Fora de Série. A personagem principal, Priscila (minha xará), é bem mais pro-ativa. Além disso, ela começa a namorar com treze anos. Achei fofo. Inocente. E é uma coisa que, como autora, ainda não consegui fazer, mas vou tentar um dia. O Rodrigo, par romântico, também me convenceu muito mais. Um sucesso!

O que acontece, nessa terceira temporada (Priscila é viciada em séries, por isso o nome) é que, depois de ler Fazendo Meu Filme, o enredo central desse livro está ficando meio repetitivo. Assim como em Fazendo Meu Filme, o casal principal vai terminar (disse que tinha spoiler) e depois se reencontrar no futuro para um felizes para sempre (isso não acontece nesse livro, mas vai acontecer certamente no próximo). De fato, seria muito sem graça em termos de clímax se esses dois namorassem a vida inteira. O término é previsível. Além de ser descrito na série anterior. O que me matou foi o motivo. De novo o carinha que a garota conheceu em uma viagem? Sério? De novo um reencontro com esse carinha num país distante depois do término? Para mim, isso foi um pecado mortal. Dona Paula perdeu um muito do meu respeito.

Porém, como um todo, gostei do livro. Uma relação com tanto tempo, nesse livro o casal já tem seis anos de namoro, com tantas coisas mudando, é complicada mesmo. E, às vezes, é melhor deixar o outro seguir o seu caminho. Acho que isso a autora conseguiu passar. Outra coisa bacana da história é a interferência das pessoas, como em qualquer relacionamento, sempre tem uma galera azeda que fica torcendo contra pelos motivos mais torpes, assim como um pessoal que acha o casal mais perfeito do mundo, sem imaginar o esforço que o cotidiano demanda. Achei isso bacana também.

Minha parte favorita, no entanto, são as amizades. Tanto Priscila quanto Rodrigo têm amigos. Poucos, muitos, varia de acordo coma personalidade de cada um. E acaba que o livro é sobre se importar com o outro. Amigos que deixamos de lado por conta de um namoro, por conta de uma mudança, por conta de diferença de interesses, se a amizade é verdadeira e a necessidade existe, eles estão ali. Gostei bastante da maneira como os personagens resolvem se reconstruir através desses amigos e interesses deixados para trás.

Gostei também da reviravolta na vida da Priscila, quando ela decide governar novamente a própria vida em função dela mesma. Acho que todo mundo precisa dessa fase egoísta, para cuidar de si, para correr atrás do que quer. Desistir de fazer veterinária foi a cereja do bolo. Inesperado. Refrescante. Um pouco de originalidade na fórmula batida. Porém, para compensar o nível cármico, Dona Paula me vem com o sobrinho com o nome de Rodrigo, ultrapassando todas as barreiras da breguice.

Termino aqui minha resenha. Abração. E lê aí você também, diz se gostou...

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Trecho de Por onde Andei

Carlos Eduardo


─ Mãe? – Juro que não acreditei ao dar de cara com minha mãe na portaria.
─ Meu filho, o que fizeram com você? – Ela correu em direção a mim e foi logo virando minha cabeça para lá e para cá, analisando o estrago no meu rosto. – Bem que eu te avisei para não se envolver com essa garota. Ela é chave de cadeia.
─ Hei! – Bruna foi colocando a mão na cintura. Sem se deixar intimidar pela minha mãe, foi logo se defendendo. – Essa garota tem nome, ok, Dona Débora? É Bruna. – Minha mãe se assustou com a firmeza da afirmação. – Além disso, eu posso até ser barraqueira, mas esse olho roxo seu filhinho arranjou sozinho. Eu só tentei ajudar.
─ Como assim, Carlos Eduardo? – Detesto quando ela fala comigo como se eu tivesse cinco anos.
─ Beijei a namorada de um cara e ele me deu um murro. Pronto. Nada demais.
─ Kadu, isso é coisa que se faça, menino? Foi assim que eu te criei? – Mamãe estava chocada com minha falta de decoro.
─ Viu? Acontece até nas melhores famílias, veja se não ia acontecer na sua... – Bruna não ia deixar essa passar. Não depois da intolerância da minha mãe. O tempo fechou entre as duas. Resolvi intervir antes que fosse tarde.
─ O que a senhora está fazendo aqui, mãe? – Peguei no braço dela a chamando a razão. Dona Débora respirou fundo pelo menos umas três vezes antes de me responder.
─ Vim ver o apartamento. Já que a sua decisão está tomada, eu e seu pai queremos ajudar... – Apesar de contrariada, percebi que cedera. Estava disposta a me apoiar, como sempre acabara fazendo. – Afinal, você pode precisar de um fiador, de alguns móveis para começar, dinheiro para pequenas reformas. Não quero você passando necessidades, meu filho. Apesar dessa sua teimosia, eu te amo demais.
─ Eu também te amo, mãe. – Estalei um beijo no rosto dela.

***

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Atividade com balões de água



 No fim de semana, eu, meu marido e a pequena fomos passear no shopping. É um programa bem comum no Ceará para quem tem filhos pequenos por conta do calor, da segurança e do fraldário. Em geral, usamos os espaços abertos, onde um grupo de crianças de 1 a 4 anos corre de lá para cá enquanto os pais observam, é quase como a praça de antigamente, mas com ar-condicionado. 
 As decorações de natal, entretanto, frustraram o plano inicial de dar uma canseira em Dona Beatriz, ela já estava zangada de ficar passeando por ali sem o objetivo a que está acostumada. Então, fomos a uma loja de brinquedos que disponibiliza almofadas, filmes infantis e alguns brinquedos. Nós já adoramos paquerar com todo aquele templo de consumo por natureza, o fato da nossa filha poder brincar com alguns brinquedos e se jogar nas almofadas (ela adora) faz com que sempre façamos uma visitinha.
 No tempinho que ficamos por lá, uma cena chamou minha atenção: uma mãe que comprava uma das famosas motinhos para passear no shopping, daquelas com um apoio para os pais empurrarem. Nunca comprei uma daquelas, a Bia é imensa, seria um "brinquedo" para ser usado por pouco meses e é caro. Mas não censuro quem compra. A questão não é essa. O problema é que a mãe insistia que fosse uma motoquinha com tema Frozen, o que deixava o produto pelo menos o dobro do preço. Além disso, a filha dela mal sentava ainda. Tadinha, estava se tremendo todinha quando foi obrigada a "dar uma voltinha" no brinquedo novo.
 Para não ficar julgando ninguém, uma vez que não tenho mesmo nada a ver com o filho dos outros e não acho produtivo entrar numa caça às bruxas, vou chegar no ponto. Às vezes, pensamos que nosso filhos precisam de certas coisas que, de fato, eles nem percebem que existem no mundo. Se aprendi algo nessa minha recente vida de mãe é que crianças gostam mais das embalagens do que dos brinquedos. Os mais caros, então, chega a ser frustrante. De modo que, mesmo que a motinho fosse útil, não precisava ser de Frozen. 
 No mais, o tempo que passamos com as crianças vale mais que qualquer brinquedo. Tudo é descoberta. Coisas simples são mágicas e instigantes. E a presença edifica, constrói a confiança do futuro adulto. Mas parece que a gente, gente grande, desaprendeu a brincar, então a gente compensa com o brinquedo que muitas vezes nossos pais não puderam comprar, mas que agora o eu-adulto pode.
 Depois dessa reflexão, resolvi incluir no blog algumas das atividades que faço com a minha filha. Deus me livre servir de exemplo! É mais para dar ideias. Coisas muito simples, tiradas na nossa infância ou procuradas na internet (isso aqui é um universo de informação). Tudo que for uma delícia de fazer com ela, vou postar, vou compartilhar com vocês.
 Domingo, o dia estava com um sol maravilhoso, aqui no Ceará é quase sempre assim. Eu tinha comprado um negócio que enche trinta balões (daqueles pequenos) de uma vez e fui testar. Não deu muito certo o aparelho. Mas a brincadeira foi ótima. Enchi eu mesma os balões e coloquei numa bacia. A Bia adora água e ficou surpresa quando ela os deixava cair no chão e estouravam.

 No começo, ela ficou brincando com a água da bacia. Depois, simplesmente entrou na bacia e fez de tudo com os balões. Passou os pés, espremeu, jogou para cima, pisou. Uma atividade sensorial incrível. Além de uma excelente oportunidade de conhecer melhor a dinâmica dos fluidos.
 Superbarata, a atividade usou um espaço livre, uma bacia, água e os balões ( a roupa é porque adoro vesti-la com todo tipo de fantasia para tirar fotos). Ela ficou entre meia hora e quarenta minutos concentrada mesmo.Dormiu de tarde que foi uma beleza, estava cansada. E, para a galera da economia de água (preocupação justa), somente uma bacia de água foi utilizada. E a água foi reaproveitada com as plantas.
 Tomara que tenham gostado da sugestão. Abraços.