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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Tempo de mudança...


Só esclarecendo que não abandonei o blog... Ontem, por exemplo, eu quase escrevi, mas refleti melhor e não o fiz. Não escrevi porque eu ia acabar me estendendo demais em questões políticas nada literárias e eu estava zangada. Nessas horas, é melhor respirar, contar até dez e se acalmar. Agora, com a cabeça fria, vou dar uma explicação para o que foi a minha semana.

A semana foi de cão. Começou a campanha para diretor na escola em que trabalho. Nossa, que triste ver que as pessoas, em tantas escolas estaduais, querem currais eleitorais, manutenção de poder, status, enfim, tudo, menos a questão pedagógica está envolvida. A eleição para diretor é uma cópia fiel das nossas eleições municipais. E eu tenho nojo de onde se é capaz de chegar para se conseguir o que se quer. Ouvi tanta mentira deslavada esta semana que eu, que pretendia ficar neutra e confiar na clareza da exposição dos candidatos e no discernimento dos alunos, estou tomando partido, principalmente para me defender. 

Meus alunos, cientes do meu trabalho, ficam indignados ao ouvir que os professores se recusam a participar dos projetos da escola por despeito a gestão atual. Bem, no que me diz respeito, meu projeto de festivais do terceiro ano foi cancelado porque a gestão, como fez questão de enfatizar: quer AULA MESMO. Então, meu projeto, por envolver música, refacção textual, compreensão do gênero canção, e mais, por envolver alunos tantas vezes desestimulados do último ano, não é aula mesmo. Ouvi, inclusive, que os temas escolhidos são irrelevantes para a aprendizagem: bom, o tema deste semestre era Raul Seixas, que pode até não ser um exemplo moral, mas jamais alguém, alguém com o mínimo de conhecimento na área cultural, vai poder dizer que é uma escolha irrelevante.

Assim como o meu projeto, vários outros projetos de amigos "perigosos" foram cancelados. Nós, professores, dávamos aula de graça aos sábados para nossos vestibulandos. Esse projeto foi vetado este ano. Não sei o motivo alegado, provavelmente, deve ser porque as aulas do sábado também não eram AULAS MESMO. Quem vai saber?

Aliás, os mesmos professores que tantas vezes deram aulas sem remuneração, que criaram o LiceuVest, estão sendo acusados de serem responsáveis pelas notas do SPAECE que caíram. Veja se isso tem lógica? 

Gente, que coisa feia!

No meu caso, eu acho que nem preciso dizer nada, mas vou dizer. Eu dou aula! E é uma senhora aula, tá? Não haverá aluno meu que diga o contrário. Nos corredores, ainda tiro dúvida e corrijo redação de meninos que nem são mais meus alunos. Eu sou professora porque quero e não estou numa sala de aula sem saber o que fazer. Eu planejo. Eu aplico. E mais, eu estimulo o amor pela língua. 

Enfim, mas muitos são os fatores que interferem nessa nota do SPAECE. Um dos que eu acho relevante é a motivação. Motivação que só surge com organização e esclarecimento. Boa parte dos meus alunos nem sequer sabe para que serve o SPAECE. Nós falamos em sala de aula, mas não é suficiente, é necessário mobilização da escola como um todo para mostrar a relevância do processo. A escola não se mobiliza em prol da "aula mesmo" (seja lá o que isto signifique na cabeça desse povo) e também por causa da desorganização constante que faz parecer que tudo que lá acontece é uma surpresa. Os jogos são de surpresa. Se vai ter gincana é uma surpresa. A premiação dos melhores trabalhos dos seminários é uma surpresa. A data da Feira das Profissões é uma surpresa. Se vai ter obmep é surpresa. Se tem prova no sábado é surpresa. Desde que lá estou, a coisa mais difícil é uma coisa simples: um calendário escolar! Mas a culpa é dos professores...

Vocês compreendem a minha raiva?
É melhor respirar mesmo...

Principalmente, porque os dados do SPAECE caíram, mas a escola recebeu uma placa por ser a escola com maior aprovação nos vestibulares de toda a CREDE 01. Mais do que receber a placa, meu coração exulta de alegria pela conquista de vocês, queridos. Apesar do que possam dizer os outros, esse é o maior presente que vocês nos dão. Porque somos nós, dentro das salas de aula, com a motivação correta, o esclarecimento, o acompanhamento diário, que fizemos este número. E isto basta.

Não vou nem falar da conversa de maluco de que os professores estão roubando. Isso me ofende e ofende vocês. Qualquer pessoa, em sua capacidade mental intacta, sabe que os professores não têm acesso ao dinheiro que é mandado para a escola. Quem quiser ir em papo de pirado, que vá.

Então, para encerrar esse post desabafo, tem um boato circulando pela escola de que os professores vão sair dependendo da eleição. Não posso falar pelos meus amigos, falo por mim. Se esse tipo de coisa continuar a acontecer, se a mudança não vier, eu não vejo um lugar para mim dentro da escola. Minha visão de educação é dinâmica. Eu preciso de muito mais do que a chamada AULA MESMO. Preciso de festivais, de jogos, de vídeos, de semanas temáticas com temas transversais, de participação de aluno na construção do conhecimento. Quero um menino que vá para biblioteca porque quer ler, não porque foi mandado de castigo para fazer tarefa. E, pra começar, quero uma biblioteca real! 

Entendo que tudo que eu faço tem uma vertente pedagógica, mas a visão atual parece não compreender ou aceitar isso. Se assim o for, eu não me encaixo no projeto pedagógico desta instituição. Como funcionária do estado, devo procurar uma escola que tenha um projeto mais coerente com minha forma de pensar.

Meus queridos alunos, esse post é para vocês. Muito tem se dito sobre a VERDADE. Bem, isto é o que acontece comigo. Esses são os meus fatos e a minha verdade compartilhada com vocês em sala de aula. Então, votem consciente. E saibam que estarão decidindo o que acontecerá com uma grande escola, que pode permanecer no passado ou pode enfrentar com a melhor equipe do mundo o futuro.



3 comentários:

  1. "Eu dou aula! E é uma senhora aula, tá? Não haverá aluno meu que diga o contrário."

    E eu concordo! Foram as melhores aulas de português do Ensino Médio que tive. E por causa de você Priscila, e de alguns outros professores, eu incentivei a maioria dos meus amigos e conhecidos a tentarem uma vaga no Liceu.
    Me entristece saber que o Liceu anda ruim assim, mas esperar coisa boa de uma gestão que grita aluno, ofende professores e finge não ver os erros em nome do status da escola é tolice.

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  2. Concordo plenamente com cada palavra dita por você. Nunca pensei que eu pudesse ficar tão interessado em uma aula de Português quanto eu me interesso pelas suas. As artimanhas e a maneira que as pessoas utilizam para difamar e até mesmo caluniar certas pessoas pelo simples interesse em algo, me faz sentir vergonha em ver isso acontecer. É muito discrepante a diferença entre você querer apoiar alguém que realmente se importa com os alunos, e você apoiar alguém que sem a influência que tem, seria a mesma coisa que não se candidatar. Muitos visam quem está por traz quando deveriam ver quem está na frente. Por isso concordo contigo quando disse que o colégio é gritantemente desorganizado por não ter um calendário escolar e principalmente por poucos alunos saberem o real sentido de alguns eventos(provas) que ocorrem ao longo do ano. Dou total apoio a você e concordo que aluno nenhum deve ser influenciado por nenhum sádico que quer apenas deixar sua marca.

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