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sábado, 2 de março de 2013

Contos de amor rasgados

 
Olhaí, esse é o primeiro livro de "gente grande" que eu leio esse ano. Primeiro, é preciso dizer que o gênero YA (Young Adult) é mesmo o meu favorito, inclusive porque é bem mais fácil de ler. Porém, não dá para viver só disso, gente. A vida tem que ter certo tom de desafio também, algo que te instigue, que te provoque e que te faça sair do lugar comum.
A Literatura é assim. Os grandes escritores são assim. Eles te fazem compreender o poder que cada palavra tem. Às vezes, suas habilidades vão ainda mais além, mostrando a ineficácia da língua, as milhares de nuances da condição humana que a linguagem não consegue traduzir que somente o cérebro é capaz de compreender, captando-as sabe-se lá por qual sentido.
Então, concluo: ler é sempre bom. Ler livros para jovens é ótimo, mas, na minha singela opinião, a experiência nunca será completa sem a literatura para gente grande. Aqueles livros que inicialmente você vai achar muito difíceis de compreender, mas, que se te pegarem de jeito, vão te conquistar de forma irreversível.
Bom, tratemos agora de Contos de Amor Rasgados da Marina Colasanti. Eu confesso: não gosto muito de contos. Chego a conclusão de que não sou concisa, não sou mesmo. Sou dos romances e das suas reviravoltas e dos vários núcleos narrativos. Sou apaixonada por personagens complexos que me encantam a cada novo diálogo. Também não sou uma grande fã de literatura feminina. Meu machismo literário decorre apenas de uma questão, o homem não tem que provar que é homem quando escreve, ele é somente um escritor, como se escrever não tivesse gênero. Já as mulheres, bem, elas colocam a visão feminina em tudo. É bem legal de vez em quando, mas sempre, bom, eu acho que enche o saco. Saco que eu não tenho.
Por isso, para mim, a experiência com esse livro teve seus altos e baixos. O ponto alto está na concisão de Colasanti. O livro tem contos de no máximo duas laudas, alguns deles têm apenas poucas linhas. E, com tão poucas palavras, ainda é um texto profundo e reflexivo. Disso eu gostei e muito.
Como ponto negativo, eu destaco essa feminilidade toda. Fazendo um adendo sobre o livro, de primeira, pensei que o livro falasse sobre amor em seus vários aspectos. Bom isso até é verdade, mas o livro traz muitos contos sobre distúrbios (se é que se trata de distúrbios) de ordem sexual com o voyerismo, o sadismo e tem até um que o cara sente prazer por a mulher engordar cada vez mais.
Olha, apesar do choque, nada contra. Afinal, é literatura de gente grande, né? O problema está na forma como isso é tratado. Não me convenceu, foi muito menininha, muito poético ao falar de sacanagem ( e olha que eu acho que sacanagem pode ser poética, mas não é o caso aqui). Como se a autora visse a sacanagem com óculos cor de rosa. Idealizando o sexo e o prazer. Enfim, devo dizer que a Bruna Surfistinha e seu Doce veneno do escorpião foi mais eficiente nesse sentido de falar sobre perversão. Deve ser pelo fato de que a Bruna entende de sacanagem e não apenas imagina como seria.
Enfim, eu gostei bastante do livro, mas, de fato, acho que preferi os micro-contos que falaram de coisas como velhice e amor do que os que trataram sobre sexo.

Um comentário:

  1. Bom, Priscila, vc sabe o quanto gosto desse livro, nem sei direito porque me identifiquei tanto com ele, talvez seja porque, diferentemente de vc, eu goste de coisas sucintas.

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